segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Fermento e... a Horta em crescimento!


Com a chegada do Outono, a Horta Comunitária de Monte Abraão começa a ganhar uma nova dinâmica e a voltar rapidamente ao activo, não só no que à agricultura biológica diz respeito mas, também, na forma de contactos, experiências e, sobretudo novos amigos e amigas!

Fomos convidados pela Fundação Aga Khan a participar num evento chamado Fermento: Comunidades em Crescimento, iniciativa organizada por esta fundação em parceria com a TESE, que decorreu nos dias 15 e 16 de Outubro. Foi uma oportunidade única para partilharmos o nosso projecto com muitas pessoas e para ficarmos a conhecer outros tantos projectos que, como o Couves para Todos, primam pela sua simplicidade e pelo seu carácter inclusivo. Uma das principais conclusões? A inclusão promove-se através da junção de interesses e vontade em iniciativas simples com resultados complexos e ricos em diversidade e proactividade.

O primeiro dia do Fermento esteve reservado à organização de visitas, por inscrição, a diversos projectos de intervenção social na área de Lisboa. A Horta Comunitária de Monte Abraão teve o prazer de receber um grupo de sete pessoas, todas elas com proveniências distintas. O objectivo? Dar-mos a conhecer o nosso projecto, não em tom afirmativo, mas na forma de perguntas, discussão e desafios que enfrentamos. Vivendo nós num mundo tão complexo, estamos esquecidos de como é simples fazer coisas por livre e espontânea vontade, e foi isso que nós tentámos transmitir aos nossos visitantes. Falámos de couves e do Bairro 1º de Maio, de rabanetes e dos nossos vizinhos, de ervas de cheiro e de como nos organizamos semanalmente para criar um espaço onde possamos estar. Criticamos as cidades onde vivemos, mas oferecemos uma hipótese, na intermitência das nossas deslocações diárias existe um espaço de 100 metros quadrados onde podemos Estar e, melhor, Estar todos juntos, ao mesmo tempo. A Horta biológica é o objectivo mas tornou-se, percebemos nós agora, a desculpa para nos sentirmos bem num sítio, e para estarmos todos juntos. Por entre apresentações, conhecimentos, ideias e sugestões, muito se falou de agricultura enquanto forma de promover a inclusão, enquanto forma de satisfazer as necessidades de toda a gente, seja do que precisa de cultivar para comer, do que precisa de um espaço para conviver, do que precisa de desanuviar ou até do que apenas precisa de ver um pouco de verde no seu dia-a-dia. A conversa prolongou-se por cerca de hora e meia, até que o frio do Outono lá nos expulsou. Creio que todos se foram embora com algum optimismo e, sobretudo, com vontade de estar no dia seguinte no Centro Ismail de Lisboa, para uma jornada rica em pessoas, contactos, e outros projectos cheios de simplicidade mas também genialidade.

No segundo dia, dia 16, a Horta reuniu uma comitiva generosa e diversificada para marcar presença no Centro Ismail. O programa era tão rico e diverso, entre microshops diversos, sessões de trabalho e convívio, que percebemos que o melhor seria mesmo dividir-nos e ir cada um a uma coisa diferente, de forma a que no final pudéssemos ter um apanhado de tudo o que se anda a fazer por aí. De manhã, participámos em sessões de trabalho com vários temas: criatividade, redes, inteligência emocional, etc. À tarde, foram os microshops de vários projectos, houve de tudo, prédios falantes, associações que juntam pais, alunos e professores, jovens com super-poderes, grupos de sensibilização para as dificuldades diárias de pessoas com mobilidade reduzida, hortas portáteis, enfim, uma série de coisas que nos chamaram a atenção de diversas formas, sobretudo porque são problemas latentes das comunidades, que estão a começar a ser solucionados por pessoas que viram no colectivo uma solução possível. Respirava-se no Centro Ismail um ar cheio de proactividade e vontade de actuar, inovar, de não deixar nada como está. Pessoas normais, como tu e como eu, a ir para algum lado por carreiros diferentes mas com um sentido comum.

No final deste dia as mensagens a reter eram muitas, muitos números de telefone trocados, muitas referências a blogs, sites, eventos, workshops futuros, entre outras partilhas. A vontade é de que para o ano haja mais, que isto não fique por aqui.

Há muito mais para contar mas mais não vos conto. Se quiserem saber mais terão que nos encontrar a todos no sítio de sempre: Domingos, das 9h30 às 13h00 na Horta Comunitária do Monte Abraão! Resta-me deixar, em nome do Couves para Todos, um grande obrigado à Zara Merali, da Aga Khan, por nos ter procurado, convidado, ajudado e, também, pelo reconhecimento do valor do nosso projecto! Aproveito também para dar as boas vindas a uma nova colaboradora, a Susana Branco, que chegou cheia de vontade desenhar coisas cá pelo Monte Abraão e por esse mundo fora!

Miguel Paisana

(a coluna de links do Couves será actualizada brevemente!)




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