quinta-feira, 28 de maio de 2009
quinta-feira, 21 de maio de 2009
A árvore das patacas somos nós, por Luísa Schmidt
Alguns excertos:
"Há um sector então onde tudo parece ainda mais especial: o dos chamados produtos biológicos. Portugal tem condições óptimas para estes produtos - que, além de objectivamente excelentes, têm ainda uma condição comercial muito favorável. E é nisto então que o país aposta em força e com coragem? Não."
"A agricultura industrialista gosta de produções musculadas. Contudo (sobretudo num país como Portugal), o negócio está cada vez mais nas agriculturas cuidadosas e subtis, quase artísticas. Produtora de excelência, a agricultura biológica beneficia o ambiente, o consumidor, o empresário e ainda outros sectores."
"Passados dois anos da publicação da portaria que permite às autarquias e regiões declararem-se livres de OGM, ou seja, interditarem o cultivo de organismos geneticamente modificados, Portugal tem apenas uma: o município de Lagos."
"Os nossos solos classificados como 'muito férteis' já correspondem apenas a 4,5% da superfície cultivável e somos o país da UE com maior percentagem de solos férteis impermeabilizados por construções de vária ordem. Apesar disto, o processo continua justamente sobre os nossos solos de melhor qualidade: as grandes plataformas logísticas, desde a de Castanheira de Pêra à da Trofa - estão a ser construídas nos tais 4,5% de solos muito férteis. Tal como a futura cidade aeroportuária também se projecta para cima de uma das melhores zonas hortícolas do país."
terça-feira, 12 de maio de 2009
Somos notícia!
Horta Comunitária de Monte Abraão nasceu há um ano
Um grupo de residentes da cidade de Queluz, entre oito e quinze cidadãos, teve a ideia em Junho e começou a plantar em Setembro do ano passado uma horta comunitária em Monte Abraão.
A horta urbana localizada no Bairro 1º de Maio, na Av. Capitão António Gomes Rocha tem objectivos “bastante profundos e não devem ser minimizados pelo seu reduzido tamanho. Existem vários e são bastante distintos. O grande cenário é a criação de uma consciência social e ambiental, através da utilização de um espaço desocupado na produção de alimentos sem recorrer a técnicas artificiais e prejudiciais para todos a longo prazo. Promover a experimentação directa com as culturas, mostrar que é possível ter resultados sem os comprometer à partida.”, revela ao Cidadania Queluz, Ricardo Canelas, um dos participantes.
“Mistura de lazer e consumo próprio.”
A horta urbana não tem objectivos comerciais e não é esse o objectivo dos horticultores citadinos. A horta comunitária serve antes “objectivos sociais: motivámos a criação de novas hortas e imediações e novos interessados nestas actividades.”
Uma horta pela Cidadania Ecológica
A Horta Comunitária de Monte Abraão faz também o trabalho de “sensibilização de órgãos públicos, quer a nível de freguesia quer a nível de município, é um grande objectivo do grupo. a verdade é que estas hortas são um elemento fundamental na vida de algumas pessoas, por muito poucas ou pequeninas que sejam. A aplicação de medidas concretas de incentivo e protecção destes espaços não custa muito, coisas pequenas bastariam para dar um grande contributo à sua existência e proliferação. Existe uma enorme inércia politica neste sector porque não é algo que seja regulável sem algum esforço, mas não é necessário que tudo seja definido com rigor e integrado num plano logístico de enormes proporções, basta alguma elasticidade, medidas inteligentes, adaptáveis e boa vontade. É possível também encarar o espaço como uma possibilidade de aprendizagem contínua e prática, preparação para voos maiores ou pequenos projectos pessoais.”
Principais dificuldades na Horta
As principais dificuldades na manutenção da horta comunitária passam pela rega uma vez que se situa na colina de Monte Abraão.
Verão ameaça Horta Comunitária
“A horta situa-se uma colina do Monte Abraão, imediatamente acima da escola Ruy Belo, sendo que a água é transportada por nós até ao local. Adaptámos-nos à realidade, apostamos principalmente em culturas de pouca água, mas em períodos de seca é muito complicado garantir um correcto desenvolvimento das mesmas. Conseguimos adquirir um depósito de 1000l que nos serve como amortecedor, mas recarregar o mesmo é complicado e exige a utilização de automóveis. Gostaríamos de contar com algum tipo de apoio dos órgãos da Freguesia, mas estamos completamente desamparados. É possível, temos sobrevivido, mas com o Verão é claro que não poderemos alimentar tudo com a presente capacidade de rega.”
Futuro : objectivos da horta comunitária
“Conseguir manter o projecto coeso”
“Montar uma pequena estufa (crescimento nas estruturas)”
“Garantir um sistema de loteamento informal por parte da Junta de Freguesia”
“Expandir o actual círculo de troca de sementes de origem biológica entre outras hortas do distrito”
“Existe tanto que pode ser feito…”
terça-feira, 5 de maio de 2009
Elas andam aí!
E porque isto das hortas na cidade está mesmo a ficar na moda, aqui vai outro bonito vídeo da SIC sobre a Horta Popular da Mouraria. Eles podem ter vista para o Tejo, mas nós temos para o Oceano (ok, é muito lá ao fundo, mas temos!). E viva as hortas urbanas! :)
Jornal da Noite, 26 de Abril de 2009
PS - A horta popular fica ali pertinho do Martim Moniz e os encontros são todos os Domingos às 16h. A ideia é a mesma que aqui pelo Monte: estão todos convidados!
E para a nossa hortinha, nao vem nada nada nada?
Desde que os países europeus são obrigados a publicar os nomes dos beneficiários dos 55 mil milhões de euros em ajudas da PAC (Política Agrícola Comum), o escândalo regressa. São as grandes multinacionais, os milionários e a nobreza latifundiária que repartem entre si a maior fatia do bolo. Em Portugal há 38 entidades que receberam mais de um milhão em 2008. Mas o maior subsídio, de 10 milhões, tem como destino uma empresa espanhola.
A Indústrias Lacteas Asturianas S.A foi o maior beneficiário das ajudas europeias à agricultura portuguesa, recebendo 10.037.520,26 euros entre 16 Outubro de 2007 e 15 de Outubro de 2008. No pódium dos subsídios ao nosso país seguem-se a Sociedade Lusitana de Destilação, de Torres Novas, com 8.347.956 euros e a Torriba de Almeirim, que recebeu 7.393.904 euros. Acima dos 5 milhões de euros estão ainda a APAVE da Azambuja e a DAI, de Coruche.
A transparência na atribuição dos subsídios europeus à agricultura foi uma luta ganha, mas nem todos estão convencidos. Por exemplo, o governo alemão resiste ainda à divulgação dos nomes dos beneficiários às contestadas ajudas à agricultura e é por isso muito criticado pela oposição. E em vários outros países, a divulgação das listas é feita de forma parcial.
Poucos são os cidadãos que não se espantam com algumas das figuras que recebem ajudas dos dinheiros públicos da União Europeia. O valor de ajudas à agricultura representa quase metade do Orçamento global da UE e o seu destino não escapou à regra dos anos anteriores, com a maior parte a ser entregue às grandes empresas da agro-indústria.
A multinacional Greencore sedeada na Irlanda está no topo da lista, com 83 milhões. Já o líder mundial da exportação da carne de aves, o grupo Doux, com sede em França, recebeu 63 milhões. França é o grande destino destas ajudas concentradas em poucas mãos, com outras seis entidades a receberem cada uma mais de 20 milhões de euros da PAC no ano passado.
Em Inglaterra, a maior parte dos subsídios foi para multinacional Czarnikow que domina o mercado do açúcar em todo o mundo. Na lista de grandes beneficiários encontram-se outras empresas de dimensão mundial no ramo alimentar, como a Nestlé e a Tate & Lyle, mas também a própria Raínha, o príncipe Carlos e muitos membros da nobreza receberam ajudas pagas pelos contribuintes da União Europeia, graças às suas quintas.
Também na Irlanda se descobriram alguns milionários a receber ajudas agrícolas. Segundo o jornal Times, um deles é o patrão da Ryanair, que curiosamente é um crítico reputado da intervenção da UE na regulação da indústria da aviação. Outro é Anthony O'Reilly, o tubarão dos media que tem o hobby da criação de gado. Outros empresários e políticos conhecidos no país também fazem parte desta lista que pode ser escrutinada por todos os cidadãos.
domingo, 3 de maio de 2009
Algumas fotografias das nossas culturas
O que é que se cultiva na horta?
Couve portuguesa
Couve Galega
Couve Penca
Couve Bacalã
Couve Amarelinha
Couve Nabo
Couve Chinesa
Cebolinho
Ervilhas
Favas
Feijões (variedade:feijão verde)
Rabanetes
Nabos
Alfaces
Salsa
Coentros
Cebolas
Cenouras
Alho normal
Alho Frances
Morangos
Tomates
Lavanda
Louro
Hortelã
Hortelã-Pimenta
Erva Cidreira
Batatas
Espinafres
...é uma horta com um bocadinho de tudo!
A história da vida da couve Maria
De cada semente, com pouco mais de 1mm de diâmetro, nasceu uma couve, entre elas a Maria que, com rega frequente a alguma ajuda do clima, foi crescendo. Quando as suas folhas atingiram aproximadamente os 3-4cm, foi transferidas da incubadora (alfobre) para a terra livre, juntamente com mais irmãs:
De seguida passou pela fase da adolescência, fase em que o rápido crescimento era notório de semana para semana. Nunca sentiu falta de liberdade, tinha crescido num espaço com um campo de visão de luxo, na encosta de um monte virado a sul, com vista para o mar e, por vezes, para o cabo Espichel...teve uma adolescência sem problemas!
Passou pela fase dos piolhos, das lagartas, mesmo assim era feliz, pois os seus cuidadosos pais adoptivos, não a agrediam com produtos quimicos e eficazes, e em vez disso, arranjaram fórmulas biológicas para lhe tratarem das doenças. Quando ela tinha lagartas a comerem-lhe as folhas, os pais tiravam-nas uma a uma, criando assim uma ligação mais próxima com a couve Maria e com as irmãs.
Pelo natal, os seus tratadores, precisaram das suas folhas para preparar a ceia de natal com as famílias, e nessa altura ela sentiu que seria essa a missão para a qual tinha nascido: fornecer alimento a quem cuidar dela.
Após um Janeiro e Fevereiro chovosos, foi desenvolvendo grelos que lhe cresciam entre o caule e as folhas, continuando assim a fornecer alimento.
Com o calor de Março, começou a espigar e a ganhar flor...
...nessa altura fez muitas amizades com abelhas que lhe iam tirar o pólen para fazer mel...é uma couve generosa!
Quando a flor começou a perder as pétalas, dentro dela, começaram a nascer as vagens com as sementes: ia ser mãe!
Passados dois meses, a Couve Maria começou a secar: estava a ficar velha...nas suas vagens secas, os filhotes já estavam prontos a saír, para darem continudade à família, os pacientes donos recolheram as suas sementes, para darem origem a uma nova geração de Couves.
Nota: a couve Maria não foi insensivel ao esforço que os seus pais adoptivos tiveram para lhe dar àgua...era justo tirarem-lhe as folhas!
...e viveram todos felizes para sempre...excepto a couve Maria, que morreu no parto :-P