terça-feira, 24 de novembro de 2009

Na cidade!

Na cidade, Sérgio Godinho

Na cidade não há hortas

há avenidas, ruas tortas
onde crescem os letreiros
mas
onde crescem as alfaces
favas, nabos, rabanetes, limoeiros?

Uma alface, uma uva
cresce ao sol e cresce à chuva
se plantadas com carinho
mas
que planto eu no cimento
e nos ferros e nas pedras.

http://www.deezer.com/en/music/sergio-godinho/sergio-godinho-canta-com-os-amigos-de-gaspar-387741?song=4160558#music/sergio-godinho/sergio-godinho-canta-com-os-amigos-de-gaspar-387741

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A semana dos Coentros!


Coentros ou Coriandrum sativum

Originários da Europa meridional, onde crescem espontaneamente, crê-se que são utilizados e conhecidos desde os tempos bíblicos.

De propriedades anti-sépticas e anti-espasmódicas, estimulantes e cicatrizantes, estão indicados para problemas ao nível do sistema digestivo e do reumatismo.

Semeiam-se durante todo o ano, mas o mais conveniente, de acordo com Dias Antunes em A pequena horta familiar, edição de 1958, será no Outono e Primavera. Deve ter-se no entanto algum cuidado no Inverno, por causa das geadas.

Muito atreitos a ervas daninhas devem mondar-se amiudadas vezes.

Curiosidades

Contam as lendas que as “Bruxas” utilizavam os coentros nas suas poções para os filtros de amor.

Também o médico, alquimista, físico e astrólogo suíço Paraselso usava os coentros, juntamente com outras ervas para curar maleitas, e misturados com a secreção do cervo-almiscar do Crocus sativus, vulgo açafrão, e ainda com resina de Boswellia (insenso), criou um perfume cujas propriedades odoríficas eram benéficas ao amor.

Culinária

Bem enraizados na culinária alentejana os coentros são indispensáveis em saladas, sopas, marisco, carne e peixe, em acompanhamentos e até em licores.

Caldo de Cação (4 pessoas)

4 boas postas de cação

1 cebola grande cortada às rodelas finas

1 bom molho de coentros picados

Sal, azeite, farinha e vinagre e pão alentejano

Num tacho colocam-se as postas de cação a que se juntam a cebola, o azeite e o sal, rega-se com cerca de um litro de água , deixa-se cozer após o que se retiram para um prato.

Ao caldo que ficou adicionam-se 2 colheres de farinha desfeitas em 2 colheres de sopa de vinagre, (atenção para que não haja grumos) caso contrário ao misturar deverá passar a mistura por um passador.

Depois de engrossar juntam-se novamente as postas de cação.

Serve-se com pequenas fatias de pão, a que no Alentejo se dá o nome de sopas.

Notas: Há quem em vez de cebola utilize alhos eu acho que fica com um sabor demasiado intenso pelo que prefiro cebolas. O prato perde completamente a sua graça se as sopas de pão, se não forem de pão alentejano.


Um especial agradecimento à Susete Evaristo, autora do post desta semana sobre os coentros. A Susete tem estado muito disponível assim como tem sido uma boa companheira nos mais variados assuntos relacionados com a nossa horta! Obrigada Susete, bem haja.

Boa semana para todos.

domingo, 15 de novembro de 2009

Fruto da semana - o kiwi




Na tentativa de fazer jus ao início desta rubrica, propomos que esta semana se fale sobre o kiwi. Que fruto tão exótico é este, cujo nome científico é o justo Actinidia Deliciosa? Sabiam que o nome completo do kiwi é kiwifruit, que levianamente diminuimos para o simples kiwi? E que o kiwi é não só natural do sul da China, como é considerado o fruto nacional desse país? Lá dão-lhe nomes muito engraçados: pêssego do macaco (devem gostar de kiwis, sabem o que é bom :p, e pêssego do sol!) Este fruto só foi divulgado pelo resto do mundo no início do século XX, viajando primeiramente desde a China até à Nova Zelândia para não mais deixar de ser consumido e muito apreciado!


A forma mais comum do kiwi é oval, tem uma pele fibrosa com uns pêlos castanhos, e uns caroçinhos pretos muito pequeninos no centro. O seu interior é de cor verde, a textura é suave e o sabor inconfundível. Cultivam-se maioritariamente em Itália, na China e na Nova Zelândia.
É um fruto muito nutritivo: contém tanto potássio quanto a banana e muita vitamina C, bem como vitamina A e E. As suas sementes negras costumam ser utilizadas para produzir óleo de kiwi, que é muito rico em ácido alfa-linolénico. Está comprovado que os kiwis são benéficos no controlo de asma em crianças, e que uma dieta rica em fibras, onde se inclui este fruto, diminui a probabilidade de cancro no cólon.


É importante que as pessoas alérgicas à enzima actinidina tenham em conta que o kiwi contém este elemento. Os sintomas comuns desta alergia passam por inchaço nos lábios e na boca, sendo que podem evoluir para situações mais graves.




Receita
Sorvete de kiwi

Ingredientes
1 (sopa) de sumo de limão;
1 (chá) de água;
2/3 (chá) de açúcar;
4 kiwis maduros, descascados e cortados em quatro;
Folhas de hortelã para decoração.

Modo de preparação
Num jarro de 1 litro colocar a água e o açúcar. Levar a lume máximo por 3-4 minutos, até dissolver o açúcar e começar a ferver (ir mexendo com colher de pau). Cozinhar em lume máximo por mais 5 minutos (ir mexendo ocasionalmente). Cobrir com uma tampa e colocar no congelador por 45 minutos, ou até a calda ficar gelada. Passar o kiwi na 123 com o sumo de limão. Juntar o puré de kiwi à calda gelada. Passar para uma forma quadrada (22,5 cm) e cobrir com papel-manteiga humedecido, e pressionar levemente sobre a superfície. Levar ao congelador por 3 horas (remexer de vez em quando). Passar o sorvete para uma tigela pré-gelada. Com a batedeira em velocidade média, bater até ficar cremoso, mas ainda congelado. Alisar a superfície e levar ao congelador até ficar firme.
Para servir: deixar repousar à temperatura ambiente durante 5-10 minutos (de modo a amolecer um pouco). Decorar com folhas de hortelã e servir.
Esta é uma receita deliciosa, mas aos mais vorazes aconselhamos a comer o kiwi à colherada :)

Curiosidades:
- A casta militar da Nova Zelândia chama-se Kiwi, e é desta forma que são conhecidos mundialmente (para mais informação aceder a Kiwi - A kiwi country:1930s–2000s - Te Ara Encyclopedia of New Zealand);

- Kiwis são também umas aves muito simpáticas:

imagina-las enroscadinhas é de facto pensar num kiwi :)

YouTube - Kiwi!




Na próxima semana chegará até vós um outro fruto. Qual será... ?


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Fruto da semana - A abóbora!


Começamos esta rubrica com... *pum*pum*pum*... A abóbora, um fruto (ou será vegetal?) que nos é tão querido e cujos usos são tão variados quanto entranhada está na nossa cultura gastronómica essa pintura geralmente cor-de-laranja que se espalha pelos nossos campos a partir de meados de Setembro!

Abóbora é o termo mais vulgar para designar o fruto da aboboreira ou cucurbita, planta hortícola da família das cucurbitáceas. Note-se que esta família é extremamente diversa, incluindo também a melancia, o melão, o chuchu e o pepino. A razão pela qual as abóboras possuem tantas formas, feitios, sabores e, sobretudo, tamanhos, deve-se ao facto de ser um fruto de polinização cruzada - este cruzamento ocorre quando os elementos de uma planta fertilizam a estrutura orgânica de outra planta de outra espécie! Em muitos casos, é comum que a própria planta da aboboreira adopte comportamentos característicos de outras plantas, de forma a estar melhor adaptada ao seu contexto ambiental. Como podem ver aqui, há abóboras para todos os gostos! Por isso é tão difícil definir a abóbora: vegetal? fruto? Seja ela o que for, terá sido trazida para a Europa depois de os Europeus terem tomado conhecimento do seu cultivo na América do Sul - a abóbora era um elemento essencial na gastronomia das grandes civilizações sul-americanas (Azteca, Inca e Olmeca).



A introdução da abóbora na cultura ocidental foi de tal forma intensa que ela passou a fazer parte da própria definição cultural, em termos gastronómicos, decorativos e festivos! O halloween é, talvez, o maior esquema de marketing jamais inventado para vender fruta e para entreter as crianças do primeiro ciclo por esse mundo fora. Sublinhe-se, também, a entrada da abóbora no imaginário popular e no reino do fantástico - o conto Sleepy Hollow, de Washington Irving, mais conhecido com a lenda do cavaleiro sem cabeça, é imageticamente associado à abóbora enquanto lanterna e, simultaneamente, agente sombrio e sobrenatural.



O cultivo da abóbora pode revelar-se um processo muito divertido, tanto de organizar como de observar. Para além de ser um óptimo acrescento visual para qualquer horta, as abóboras podem crescer até um peso e tamanho assustadores (como se pode ver acima). Os americanos divertem-se a fazer concursos - assume-se que, para eles, a máxima "size does matter" seja tão importante como "in god we trust"... A aboboreira é uma planta relativamente autónoma, pouco exigente em termos de regadio. Planta-se em Abril e recolhe-se em finais de Setembro / inícios de Outubro. Simples, não parece? Na verdade não é. O aumento do frio para finais de Outubro pode ser fatal para os frutos e, um outro problema, é que é impossível planear onde é que as abóboras vão crescer. A aboboreira estende-se por onde lhe apetece, pelo que dará fruto onde mais lhe apetecer (o que inclui telhados e outras árvores...) . Anárquico e extremamente divertido =D



Em termos gastronómicos, a abóbora é um óptimo recurso alimentar. É rica em vitamina A, e fornece também vitaminas do complexo B, cálcio e fósforo. Para além de possuir calorias é de fácil digestão. Pode-se fazer sopa ou até uma docinha tarte, como a que se vê acima!

Uma última curiosidade sobre a abóbora, e que é também um exemplo da sua entrada no nosso quotidiano ao longo dos tempos: antigamente, para fazer chuchas para os bébés, as pessoas envolviam pequenas porções de abóbora picada misturada com açúcar amarelo em pequenos panos de linho. Davam um nó na extremidade do pano e metiam na boca dos bébés, que se entretiam com a deliciosa chucha!

Pesquisem e comprem sementes variadas para experimentar plantar abóboras. É divertido, saudável e fácil! É de acrescentar que ainda não foram plantadas abóboras na Horta Comunitária do Monte Abraão mas, no próximo Abril, elas estarão lá para colorir ainda mais o cimo do Monte de que tanto gostamos.

Na próxima semana chegará até vós um outro fruto. Qual será..?

(Fontes - Conteúdos: Wikipedia; Imagens - GoogleImages )

Nova rubrica



O blog da Horta Comunitária do Monte Abraão tem servido de plataforma de difusão de uma série de conteúdos, mais ou menos relacionados com aquilo que consideramos ser a nossa ideia de projecto, relação com o espaço, agricultura, horticultura e, numa outra escala, factos importantes a considerar na assunção de uma nova postura perante a terra e o seu uso.

Decidimos começar a dinamizar, então, aqui no blog, uma nova rubrica semanal. É assim que chegará até vós, todas as semanas, um novo posto sobre o "Vegetal / fruto /planta da semana"! É verdade, aquilo que da terra vem pode ter muitos usos e proveitos para o nosso quotidiano, muitos deles não apenas alimentares! Tentaremos associar os diferentes temas dos posts semanais a vegetais, frutas e plantas cujo tempo ideal da colheita seja esteja próximo! E melhor, o primeiro post está aí a aparecer, e é sobre um fruto muito muito típico desta época. Qual será? Stay tuned*

Resumo dos trabalhos hortícolas de ontem

E plantou-se arroz... :'D

domingo, 8 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Proverbial


"Beterraba ontem, mutante (biológico) amanhã."

(autor desconhecido)

Trás-os-Montes não voltou a ser deles outra vez.

Algumas questões podem parecer, por vezes, fora do âmbito da Horta e do que fazemos lá por trás, pela frente e pelos lados do nosso Monte. Em todo o caso, tudo tem tudo a ver com a relação com o espaço, relação que tentamos harmonizar todos os Domingos lá pelas 9h30 da manhã ou pelas 11h47 da quase tarde, se porventura a noite de Sábado tiver sido generosa.

Enfim, ficam as sugestões: algumas considerações sobre Trás-os-Montes, e agitações lá para os lados de Mirandela.

(É provável que os links deixem de funcionar com a renovação das páginas em questão.)

Se o documentário do Jorge Pelicano for mesmo para o circuito comercial de cinemas (o que quer que isso signifique...) poder-se-á organizar uma ida conjunta ao cinema, seguida, quem sabe, de uma conversa mais abrangente sobre uma série de questões que, em derradeira análise, nos dizem respeito a todos.

Estarias interessado/a em participar, conversar, cavar e plantar? Estamos em couvespatodos@googlegroups.com e em couvesparatodos@gmail.com, e somos porreiros, aceitamos todas as sugestões =)

A ver se metemos aqui mais umas fotografias da horta, as beterrabas e rabanetes estão quase a invadir o Bairro.

Cumprimentos, e até Domingo às 9h30 / 11h47.


quarta-feira, 4 de novembro de 2009

o que se podia fazer com isto:


Ensino itinerante. Quando o recreio é a horta do Rodrigo

O ensino pré - escolar é não só de importância incontornável como extremamente enriquecedor para estas crianças que, no século XXI, estão isoladas em Beliche de Baixo, tendo como único vínculo comunicacional a forma do ensino itinerante. É uma ideia útil e poética, qual biblioteca itinerante da Gulbenkian, mas chamo aqui à atenção para a necessidade de rentabilizar os recursos que temos. Porque viver no campo nunca foi, e agora ainda consegue ser menos, uma limitação, e há muitos que desejam ter uma horta para brincar. Muitos na cidade. Por isso toca a abrir os olhos para este tipo de artigos e pensar até onde é que é uma questão de isolamento, em vez de incapacidade (e reconheço-lhe a improbabilidade) de rentabilizar o espaço.

Enquanto isso...

LONG LIVE THE URBAN FARMS!!

Liliana (que já aprendeu a actualizar o blog.)